19.2.15

Tia Rute

Na verdade nunca foi minha tia directa, mas tia dos meus primos, do lado dos Oliveiras. Crescemos a chamar-lhe tia Rute e sempre nos habituámos à sua presença em todo o tipo de encontros familiares. Tinha uma voz aveludada e baixinha. Tinha um grande amor por felinos e sempre os tratou como verdadeiras pessoas. Era dotada daquele cuidado tão característico de uma tia. Quando todos os primos se juntavam e as brincadeiras aumentavam em maluqueira, recordo-me da sua sincera preocupação em que ninguém se aleijasse. Dizia ela: "Meninos!".
Perante a morte, aquilo com que mais me debato é a efemeridade da vida na terra. Num momento somos corpo presente, noutro Deus chama-nos à Sua presença. É um misto de choque e deslumbramento por tudo estar sobre o Seu controlo. Só no Senhor o fim pode ser o princípio. É lindo e assombroso.
Enche-me o coração imaginar a nossa querida tia Rute a entrar nos portões do Céu. Ela já conhece a glória do Salvador! E assim fico perdida em pensamentos sobre como será. Que privilégio ver a morte convertida em vida. Infinita.